quarta-feira, 17 de novembro de 2010

REVOLUÇÃO CULTURAL EM ERIC HOBSBAWN - ERA DOS EXTREMOS

           I. Reestruturação da família construindo diferentes formas de relacionamento.
“A melhor abordagem dessa revolução cultural é, portanto, através da família e da casa, isto é, através da estrutura de relações entre sexos e gerações” (p. 314.)
·         Legalização e aumento do divórcio e aceitação dos relacionamentos bissexuais;
            A instauração da crise familiar estava intimamente ligada à mudança de padrões públicos que governavam a conduta sexual. A formação de família que fugia às “regras” ficou cada vez mais freqüente. Entre as décadas de 1960 e 1970 houve uma liberalização tanto para os heterossexuais quanto para os homossexuais em diversos países. O divórcio tornou-se legal em 1970 e a venda de anticoncepcionais foi legalizada em 1971.
·        Presença de grande número de núcleos familiares constituídos de uma só pessoa ou de mulher, como sendo a responsável direta pela educação e criação dos filhos;
            Uma das mudanças que ocorreu na segunda metade de século XX foi nos núcleos básicos familiares, onde começaram a mudar com uma grande velocidade, havendo uma diminuição de casamentos formais, não havia mais tanto desejo de se ter filhos, encadeando assim o aumento de separações. As mudanças afetaram fortemente as famílias, tornando coisas antes inaceitáveis, compreendidas.
            Caracterizando assim a mudança das famílias tradicionais (com muitos membros), para um novo modo de família (constituídas por poucos membros, ou ate mesmo apenas um).
  • Os padrões morais, religiosos e consuetudinários que vigoravam até então passaram a ser obsoletos.
            Uma das grandes mudanças ocorridas foram às mudanças nos padrões morais e religiosos e consuetudinários, fatos antes proibidos agora se tornam permissíveis, através de Leis permissivas, sem dúvidas tornando mais fáceis atos até então proibidos.
II.                2º Culto à juventude com profunda mudança nas relações entre as gerações.
“Pois se divórcio, nascimentos ilegítimos e o aumento de famílias com só dos pais (isto é, esmagadoramente de mães solteiras) indicavam uma crise na relação entre os sexos, o aumento de uma cultura juvenil específica, e extraordinária forte, indicava uma profunda mudança na relação entre as gerações”. (p. 317).
            Número espantoso de jovens resultantes do baby boom dos anos pós 2ª Guerra Mundial;
            Juventude torna-se um mito a ser cultuado no íntimo de cada um;
            Grandes ídolos da música, do cinema e mesmo dos esportes foram consagrados por sua vitalidade juvenil e, muitos deles, encerram sua vida nesta própria juventude. Como: James Dean, Janis Joplin, Brian Jones, Bob Marley, Jimi Hendrix e outros.
            Viver o presente tornou-se a grande e possível meta de vida;
            Os papéis das gerações foram invertidos, o blue jeans, despojado e irreverente, que até então servia para os jovens distanciarem-se de seus pais e de todos os valores morais que contestavam, passou rapidamente aos corpos mais envelhecidos que almejavam preservar os “verdes anos”;
            Uma cultura jovem global foi reafirmada constantemente devido aos interesses do mercado capitalista que, apossando-se dos símbolos de juventude e consumo deste grupo, reformulou suas estratégias de venda e produção.
            A juventude tornou-se o maior produto a ser consumido.
            A juventude tornou-se um agente social independente, foi responsável pelo crescimento da indústria fonográfica e da radicalização política na década de 1960.
            Os jovens começaram a dominar as economias de mercado, por representarem agora uma grande massa de poder de compra. Esse poder de compra se consolidou quando houve um extraordinário internacionalismo entre jovens de todo mundo. O rock foi um exemplo da “marca” da juventude moderna. “Letras de rock em inglês muitas vezes nem eram traduzidas. Isso refletia a esmagadora hegemonia cultural dos EUA na cultura popular e nos estilos de vida…” (Hobsbawn, p.320). O público feminino foi o mercado que faltava nas indústrias da moda. As mulheres, relativamente bem pagas e não comprometidas com contas, começaram a gastar com roupas, sapatos e acessórios, enquanto os homens em cerveja e cigarro. “A cultura jovem tornou-se a matriz da revolução cultural no sentido mais amplo de uma revolução nos modos e costumes…” (Hobsbawn, p.324). Na década de 1950 os jovens de classe média e alta começaram a aceitar a música e as roupas das classes mais baixas, por vezes tornando-as modelo
III.  Formulação de Uma Nova Economia,
“A Cultura jovem tornou-se a matriz da revolução cultural no sentido mais amplo de uma revolução nos modos e costumes, nos meios de gozar o lazer e nas artes comerciais, que formavam cada vez mais a atmosfera respirada por homens e mulheres urbanos” (p. 323)
“A novidade da década de 1950 foi que os jovens das classes altas e médias, pelo menos no mundo anglo-saxônico, que cada vez mais dava a tônica global, começaram a aceitar a música, as roupas e até a linguagem das classes baixas urbanas, ou que tomavam por tais, como seu modelo” (p. 324)
            Houve uma grande agitação por parte dos jovens, com o capitalismo firmado na época, os empregos tiveram um grande alto e com isso os jovens foram sendo empregados e conseqüentemente tendo o poder de compra na mão e assim conseguindo a liberdade financeira.
            Revolução cultural então pode ser entendida como o “triunfo” do individuo sobre a sociedade. Nela o jovem foi o grande pilar, rompendo com idéias passadas, formando um novo modo de pensar e agir, mudando estilos, o que escutar e vestir. Nessa revolução prevaleceu às vantagens históricas do capitalismo e a dificuldade de viver sem ele.
           
IV.  Exacerbação do individual sobre o social
“A revolução cultural de fins do século XX pode assim ser mais bem entendida como o triunfo do indivíduo sobre a sociedade, ou melhor, o rompimento dos fios que antes ligavam os serem humanos em texturas sociais.” (p. 328).
“As instituições mais severamente solapadas pelo novo individualismo moral foram à família tradicional e as igrejas organizadas tradicionalmente no Ocidente, que desabaram de uma forma impressionante no último terço do século.” (p. 330)

            O que percebemos é que para Hobsbawn a revolução cultural estabeleceu ‘o triunfo do indivíduo sobre a sociedade’ ou ‘o rompimento dos fios que antes ligavam os seres humanos a texturas sociais’, pois, essas texturas consistiam em configurar modelos de comportamento, sempre de acordo com as expectativas das pessoas, umas com as outras. (p.328). Instituições como igreja e família tradicionais foram as que mais ‘solaparam’ com este ‘novo individualismo moral’. Queda de vocações para o sacerdócio e crises de autoridade moral e material da igreja sobre os fiéis também reiteram o fato de que novas regras de vida e de moralidade foram implantadas com a ‘revolução cultural’. O fato é que a ‘sociedade industrial moderna, até meados do século XX, dependera de uma simbiose da velha comunidade e velhos valores com a nova sociedade’ (p.333).
            As importantes considerações destacadas por Hobsbawm, a partir de meados do século XX, representam uma ‘simbiose’ entre velhos e novos processos configurados no âmbito familiar. Todos os elementos delineados na relação família-mulher e na ‘revolução cultural’, especificamente relacionados com a família, fazem evidenciar as regularidades das estratégias familiares. É mais plausível considerar que estes fatos históricos correlacionados com a família são ‘disposições duráveis’, inseridas nestes ciclos de vida dos seus agentes. Esses ciclos devem ser interpretados, levando-se em consideração situações concretas de tempo e de lugar que tendem a ser produzidas e reproduzidas nas gerações futuras.
           

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CONDIÇÕES HISTÓRICAS QUE POSSIBILITARAM O SURGIMENTO DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

·       
·        A análise da vida social data do século XVIII deve ser considerada como o produto intelectual mais importante das transformações econômicas, políticas sociais e culturais em curso desde o Renascimento e que se cristalizaram no Ocidente com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, marcos do surgimento do mundo moderno, isto é, da consolidação da ordem capitalista.
A.     A Revolução Industrial
·        A invenção da máquina a vapor na Inglaterra de 1750 significou o início de uma revolução nas técnicas de produção, o que possibilitou a mecanização do processo de trabalho em muitos ramos da atividade econômica, já na primeira metade do século XIX, tendo significado também uma revolução na organização da produção que, a partir de então, passou a ser realizada no interior de empresas com caráter permanente e racional.
·        Ao propiciar o aumento da produtividade do trabalho, a redução dos custos de produção e, como decorrência, o barateamento das mercadorias, a Revolução Industrial permitia vislumbrar o nascimento de uma sociedade de abundância e mais justa, graças às possibilidades econômicas de uma distribuição mais igualitária da renda.
·        A Revolução Industrial gerou problemas que se alastraram por toda a Europa.
Ø  Em primeiro lugar provocou o êxodo rural de enormes contingentes de trabalhadores com perspectiva de melhoria de condição de vida
Ø  A conseqüência foi o desenvolvimento acelerado da urbanização não planejada, cujo resultado foi, péssimas condições habitacionais dos trabalhadores, na imundície das cidades industrializadas, falta de fornecimento de água, epidemias das mais variadas dizimando milhares de pessoas. Vale à pena citarmos o mais renomado historiador do século XX Eric Hobsbawm:

Só depois de 1848, quando as novas nascidas cós cortiços começaram a matar também os ricos, e as massas desesperadas que aí cresciam tinham assustados os poderosos com a revolução social, foram tomadas providências para um aperfeiçoamento e uma reconstrução urbana sistemática.

Ø  Em segundo lugar, os baixos salários e o desemprego de milhares de trabalhadores, pois (até a década de 1840)
Ø  A criminalidade do e a violência urbana, o alcoolismo, a prostituição, o suicídio constituíram o quadro de deterioração da vida social, aprofundado pela enorme desigualdade social.
Ø  Em terceiro lugar, o rígido controle e disciplina impostos pelos patrões que tornavam infernal a vida dos trabalhadores das fábricas, submetidos a jornadas de trabalho de 16 horas e a todo tipo de castigos e muitas.
            A Revolução Industrial não foi, portanto, apenas uma revolução econômica, foi também, responsável pelo aparecimento de novos problemas humanos e sociais além de ter dado fim ao antigo regime, como novos personagens no cenário social.
            Por essa razão, a Revolução Industrial não pode se lembrada apenas como revolução econômica, mas também como uma revolução da estrutura social que precipitou as transformações políticas, jurídicas e ideológicas consumadas pela a revolução Francesa.
B.     A Revolução Francesa
·        A revolução Francesa de 1789 foi o acontecimento de maior repercussão no Ocidente por ter destruído definitivamente o antigo regime absolutista e a supremacia de uma aristocracia decadente e por ter criado as condições necessárias e suficientes para o surgimento do Estado Moderno e a consolidação do regime capitalista de produção.
·        Foi uma revolução conduzida pela burguesia enriquecida, inconformada com os consideráveis privilégios e honrarias sociais concedidos aos nobres e ao clero, e sequiosa de poder para, sobretudo, por fim aos altos impostos e às rígidas regulamentações da política mercantilista vigente que lhe restringiam a liberdade econômica.
·        Grupos de interesses econômicos contrariados encontraram nas idéias dos filósofos iluministas e dos economistas o arsenal intelectual para deflagrar uma revolução que atingiu mortalmente as instituições políticas e jurídicas vigentes.
·        Pela força da nova Ideologia inspiradas nas obras de Locke, Voltaire, Montesquieu, obras desses que se constituíram no fundamento teórico no qual se assenta o Estado Moderno.
·        Os economistas contribuíram com a crítica ao mercantilismo que impunha severas restrições à atividade econômica com sua política de amplo controle estatal sobre o comércio, favorecendo as exportações e restringindo as importações. A crítica à política mercantilista encontrou na obra de Adam Smith, A riqueza das Nações, de 1776, a sua expressão mais contundente e qualificou o autor como o pai do liberalismo econômico.
·        Assim, intelectualmente fundamentados, os revolucionários de 1789 elaboraram a Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão, documento que reuniu as idéias que comandaram a transformação da sociedade francesa e mais tarde de todo mundo ocidental.
·        Não obstante a importância desses acontecimentos cumpre ressaltar que tanto a Revolução Industrial quanto a Revolução Francesa, como também as Ciências Sociais, são filhas do processo de racionalização da cultura ocidental, iniciado dois séculos antes, e cujas expressões mais significativas são a própria ciência e filosofia iluminista.
C.     O Racionalismo
·        O Racionalismo tem sua origem na chamada revolução Copérnica do século XVI que além de Copérnico (1473-1543), e obras também de Kepler (1571-1630) e Galileu (1564—1642), cujas idéias, investigações e estudos sobre o universo se constituíram nas primeiras e mais contundentes contestações à autoridade da Igreja Católica Apostólica Romana como fonte única do conhecimento oficialmente aceito, até então considerado sagrado, absoluto, incontestável.
·        No século XVII, René Descartes (1596-1650) matemático e físico tornou-se o maior expoente do racionalismo, ao considerar a razão como a única fonte segura de conhecimento.
·        Com Descartes, o processo de secularização da cultura ganha fôlego porque o método por ele elaborado foi o passo decisivo para o desenvolvimento da crítica racional às verdades que sustentavam a ordem estabelecida
·        O Iluminismo ou filosofia das luzes foi o ponto culminante dessa revolução intelectual que abalou os alicerces culturais da sociedade medieval européia.
·        Pode-se afirmar que dá conjugação do método racionalista e do método empirista advém a concepção moderna de ciência, hoje universalmente aceita como caminho para a busca da verdade e, portanto um dos valores das sociedades ocidentais. E dessa conjugação surgiram trabalhos extraordinários no campo das ciências físico-quimico-naturais, nomes como Isaac Newton, Leibnis (Física e Matemática), Boyle Lavoisier (Química), Lineu e Bufon (Biologia), para compreender as origens das convicções dos iluministas de que a razão e a Ciência poderiam permitir o exercício de certo controle humano sobre o mundo e, fundamentalmente, sobre a realidade social, agora compreendida como construção humana e não mais como realização da vontade divina e, portanto, passível de crítica, de contestação e de transformação
·        Preparava-se, assim, o caminho para o processo revolucionário de instauração do mundo moderno e para o desenvolvimento das Ciências Sociais.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A HOMOSSEXUALIDADE E A IRA DE DEUS

A Homossexualidade e a Ira de Deus
Vincent Cheung
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto 1

   Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas
mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à
natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações
naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros.
Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão… Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam (Romanos 1.26-27, 32)
   Quando Paulo prova que todos pecaram e carecem da glória de Deus, cita a homossexualidade como um exemplo primário de impiedade. Esse julgamento é ofensivo a não cristãos, sendo rejeitado até mesmo por uma parcela significativa da Igreja contemporânea. Em resposta, eles oferecem inúmeros argumentos inúteis. Há o argumento que “amor é sempre algo certo”. Eles dizem: “Como pode ser erradduas pessoas se amar, mesmo sendo do mesmo sexo? Se elas se amam, isto é bom e certo”. É verdade, amor nunca é algo errado.   Mas o que é amor? A Bíblia diz que amor é uma síntese da lei de Deus. É uma síntese do que Deus diz sobre como devemos tratar as pessoas. Como Deus proíbe a homossexualidade, a homossexualidade nunca parte do amor, e o amor nunca leva ou coexiste com a homossexualidade.
   De fato, acolher ou mesmo agir a partir de uma atração homossexual por outra pessoa é tratá-la de uma forma proibida pela lei de Deus e convidar a pessoa a também pensar e agir de uma forma proibida. Portanto, a homossexualidade parte do ódio, e não do amor. O amor é somado amiúde à equação porque o homossexual experimenta atração, dependência e afinidade física e/ou psicológica por outra pessoa do mesmo sexo. Mas a palavra certa para isso é lascívia, e não amor.
   Essa forma de pensamento é contrária à filosofia do homem. Como exemplo para a situação, a Bíblia diz que se você não disciplina o seu filho com a vara ― se você não bate nele com o propósito de instrução ― você o odeia. Mas as pessoas que se recusam a usar o castigo físico apelam à razão precisamente oposta ― elas dizem que evitam tal coisa porque amam seus filhos. Assim, voltamos à definição de amor. A Bíblia diz que amor é obediência à lei de Deus em nossa maneira de tratar as pessoas. Se você ama o seu filho, você usará castigo físico sempre que for necessário. Se não o fizer, você odeia o seu filho.
   Do mesmo modo, os homossexuais não nutrem amor uns pelos outros. Eles se odeiam. Eles querem se usar para satisfazer a sua própria lascívia pessoal, e querem que seus parceiros cooperem para manter um estilo de vida que acaba incorrendo no castigo de Deus. Como pode isto ser amor? Se eu amo você, ainda que seja incapaz de resistir à tentação, eu insistireique você fuja dessas coisas que me prendem: “Corra! Salve-se! Não seja como eu! Não seja punido, como certamente eu serei!”. Se a exemplo de Eva, você desobedece a Deus e então convida outra pessoa a juntos desobedecerem a Deus, dificilmente haverá uma demonstração mais vívida de ódio do que essa. Se eu decido roubar um banco e peço que a minha esposa me ajude, isto pode apenas significar que eu não a amo tanto quanto afirmo amar.
   Há o argumento que “não é causado mal”. Eles dizem: “Até onde não estivermos causando mal a alguém, isto não é da sua conta”. O padrão é arbitrário. Com base no que eles dizem que o certo e o errado são determinados pelo mal que causam ou não a alguém? Sem uma base que eles possam defender, eu não tenho qualquer razão para aceitar isso como um padrão de julgamento ético. Claro, eles não podem apelar à cosmovisão cristã para apoiar este princípio, já que é a cosmovisão cristã que condena a homossexualidade, e é a ela que eles se opõem.
   Ademais, qual é a definição de mal? Mesmo que seu estilo de vida não me cause mal no sentido físico de forma óbvia e direta, o mal se limita ao físico? E se o estilo de vida deles me afeta psicologicamente? Isto é, e se a homossexualidade me ofende e me traz repulsa? Se isto não conta, eles dão carta branca para todo mundo lhes causar mal psicológico? Assim, até onde nós não lhes causarmos mal no sentido físico de forma óbvia e direta, podemos dizer tudo o que desejamos sobre homossexualidade, e isto não é da conta deles. Talvez isto seja inaceitável para eles, mas em todo o caso é necessário definir o mal. Caso contrário o argumento é arbitrário e não tem sentido, e pode ser descartado sem maiores considerações.
   Há o argumento do “consentimento mútuo”. Eles dizem: “Até onde o relacionamento for consensual, não é da conta de ninguém o que duas pessoas fazem entre si”. Isso é tão arbitrário quanto o argumento “não é causado mal”. Quem demonstrou este padrão, e por que eu devo aceitá-lo? É como um dos argumentos a favor do aborto: “A mulher não tem o direito de fazer o que quiser com o seu corpo?”. É claro que não. Somos criação de Deus, e somente Deus tem o direito de decidir o que devemos fazer com os nossos corpos. Da mesma forma, consentimento mútuo entre duas pessoas é algo irrelevante. Elas precisam do consentimento de Deus para continuar. Mas Deus não consente. Ele proíbe o que elas consentem fazer entre si.
   Há o argumento que “animais fazem isso”. Alguns animais parecem exibir comportamento homossexual. Trata-se de algo irrelevante. Só porque animais fazem algo, não significa que tal coisa seja correta para eles, muito menos para nós. Assim como a homossexualidade surgiu em humanos por causa do pecado, a Queda de Adão também trouxe uma maldição sobre o resto da criação. Se o comportamento animal é usado como um padrão para o comportamento humano, talvez o contrário também seja verdadeiro. Como eu me oponho à homossexualidade, os chimpanzés, quem sabe, também deveriam se pronunciar. Em
todo o caso, alguns animais são canibais e alguns comem suas próprias fezes. Se você vai apelar ao comportamento animal, seja ao menos consistente nisso.
   Há o argumento do “nasci desse jeito”. Algumas pessoas, dizem eles, nascem homossexuais. Elas não podem fazer nada. Está em seus genes. Mas a genética é irrelevante. Primeiro, a ciência não pode dar suporte racional a um argumento genético, pois a própria ciência é irracional. A ciência depende da sensação, indução e experimentação. Mas a sensação não é confiável, e uma epistemologia empírica pode ser facilmente refutada. Indução é uma falácia formal, e sua conclusão nunca é uma inferência necessária das premissas. Quanto à experimentação, ela envolve um uso repetido de sensação e indução conduzido por um método caracterizado pela falácia de afirmação do consequente, de forma que a coisa toda gira numa conclusão arbitrária e impossível após outra. Eles dão a isso o nome de teorias científicas.
   Mas por um momento façamos de conta que a ciência pode descobrir a verdade. Façamos de conta que existem tais coisas como genes. Façamos de conta que genes são essas coisas que a ciência diz. Façamos de conta que a ciência descobriu um gene que está associado à homossexualidade. Então façamos de conta que o homem não pode mudar os seus Genes. Depois de toda essa suposição e faz de conta, o argumento ainda sofre de irrelevância. E daí que algumas pessoas nascem homossexuais? E daí que elas não podem fazer nada? Isso não torna a homossexualidade correta, e de fato também não torna a homossexualidade algo errado. O argumento é totalmente irrelevante. A própria ciência não diz que algumas pessoas nascem mais violentas ou mais suscetíveis ao vício do álcool? Ah, não vou insistir neste ponto, já que a ciência pode mudar o seu posicionamento amanhã, na próxima semana ou daqui a dez anos. Eles chamam isso de progresso científico.
   A Bíblia diz que todos os homens nascidos depois de Adão são pecadores na concepção. Nascemos todos pecadores. Se algo é pecaminoso, isso não tem nada a ver com nascimento, escolha ou liberdade. A definição cristã de pecado tem a ver com o mandamento de Deus. Se Deus diz que algo é errado, então é errado fazer isso independentemente do contexto ou da escolha, e independentemente da liberdade. De fato, a Bíblia diz que o não cristão é incapaz de obedecer à lei de Deus. Se pecado pressupõe liberdade ou capacidade de obedecer ao mandamento de Deus, ou de não pecar, todos os não cristãos já estão sem pecado, já que todos são incapazes de obedecer a Deus e, portanto, não precisam de nenhuma salvação.   Contudo, precisamente porque são pecadores e incapazes de mudar, eles precisam de Jesus Cristo para salvá-los. Se a homossexualidade está inseparavelmente ligada aos genes de uma pessoa, isto significa que mesmo tornando-se cristã, a pessoa ainda pode experimentar tentações nessa área. Ela ainda poderia experimentar tentações mesmo que a homossexualidade não estivesse ligada a seus genes. Se a pessoa é tentada após a conversão, a homossexualidade ainda é pecado? Claro que sim. Esta pessoa foi salva de seu pecado? Certamente, se ela confiar em Cristo para salvá-la e no Espírito Santo para ajudá-la a vencer as suas tentações. O inaceitável é ela negar que a homossexualidade seja de fato um pecado. Todavia, nossa reflexão não precisa parar aqui.
   Se a homossexualidade está inseparavelmente ligada aos genes de uma pessoa, isso somente pode significar que se Deus quiser, mudará os genes após a conversão. Por que não? Deus pode libertar uma pessoa da homossexualidade mesmo sem mudar os seus genes. Nada é impossível para Deus. Mas se a Deus convém não manifestar libertação completa neste momento, a pessoa deve honrar Deus pelo seu sofrimento e perseverança.
    Há o argumento que “existem outros pecados”. Isto é uma defesa ou uma admissão? É claro que existem outros pecados. Talvez o ponto seja que os cristãos não deveriam focar tanto na homossexualidade. Minha primeira resposta é que nós não fazemos isso. Também falamos sobre incredulidade, inveja, cobiça, assassinato, roubo e muitos outros pecados. Se eles pensam que nós falamos apenas sobre homossexualidade, é porque prestam atenção apenas quando falamos sobre homossexualidade. E minha segunda resposta é que se eles querem que os cristãos falem ainda menos sobre homossexualidade e busquem dar mais atenção aos outros pecados, eles não deveriam gastar tanto tempo esfregando a homossexualidade na cara de todo as pessoas, tentando legitimá-la e exaltá-la.
   Há o argumento que “é a idolatria”. Alguns sabichões que se têm por eruditos afirmam que num texto como Romanos 1, a Bíblia está na verdade condenando a idolatria, pois a adoração pagã era geralmente acompanhada de atos homossexuais. Ora, desconfio que esses que desculpam a homossexualidade desta forma encontrariam provavelmente outra desculpa para as religiões pagãs, se fossem elas o assunto em discussão. Em todo o caso o argumento falha, pois a Bíblia faz referência à lascívia dos homossexuais e diz que a sua relação é contrária à natureza. Esses fatores independem da idolatria. A associação com a idolatria é pertinente, mas é incidental e não necessária. A homossexualidade pode ocorrer à parte da idolatria, e em tal caso a lascívia ainda está ali e a relação ainda é contrária à natureza, contrária ao que Deus considera natural. O argumento piora ainda mais as coisas para o lado dos homossexuais, pois chama a nossa atenção ao fato que Deus condena não só o ato manifesto, mas também o próprio desejo dos homossexuais.
    Isso nos leva ao argumento “não é da sua conta”, relacionado a muitos dos demais argumentos: “Se existe amor, isto não é da sua conta. Se não existe mal, isto não é da sua conta. Se existe consentimento, isto não é da sua conta”. Assim, eles dizem: “O que lhe dá o direito de se meter em nossos assuntos?”. A minha resposta nos lembrará de que nossa divergência é na verdade efeito de uma divergência anterior e mais ampla ― é resultado do choque entre a cosmovisão cristã e a cosmovisão não cristã; entre o ponto de partida cristão de pensamento e julgamento e o ponto de partida não cristão de pensamento e julgamento.
   A todo o instante a fé cristã alude à vida das pessoas, e nessas circunstâncias fala sobre os próprios pensamentos, desejos e motivos das pessoas. Assim, quando Jesus falou sobre adultério, não tinha em vista apenas o ato sexual, mas a própria cobiça como sendo um pecado. A Bíblia certamente considera pecado enganar e roubar, mas a avareza também é condenada. Como cristão, eu prego a mensagem da Bíblia. Assim, é claro que a sua vida é da minha conta; e não só os seus atos, mas também os seus próprios pensamentos. Ora, você não precisa me falar dos seus atos, e eu não tenho capacidade de ler os seus pensamentos. Você não é responsável perante mim ― não sou eu quem vai enviá-lo ao inferno. Você é responsável perante Deus, mas ele quer que eu fale isso a você.
   E isso também responde o argumento “quem é você para julgar”. É o mesmo argumento que o povo de Sodoma usou ao tentar arrombar a porta de Ló para poder ter relações sexuais com os anjos formosos (Gênesis 19). Se Deus não tivesse dito uma só palavra sobre homossexualidade, eu ficaria totalmente feliz em deixá-lo comer as suas próprias fezes, como fazem os animais. Assim, eu não sou o juiz, mas há quem julga, e é dele que eu estou lhe falando, e do que ele fará se você não se arrepender.
  Assim, o que Deus fará com os homossexuais? A Bíblia é clara quanto a isso, mas os não cristãos não querem ouvi-la. Muitos dos que se dizem cristãos se recusam a aceitá-la. Paulo então diz: “Não se deixe enganar”. Não deixe que iludam você, e não se iluda sobre isso. “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem os sexualmente imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem prostitutos, nem delinquentes homossexuais, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus” (1 Coríntios 6.9-10, NIV). Se você é homossexual, Deus o coloca junto dos idólatras, adúlteros, prostitutos, ladrões e assim por diante. E diz que se você é homossexual, irá para o inferno. É grande a tentação de discordar disso ou tentar suavizar essas palavras, mas qualquer outra opinião não passa de engano.
   Há esperança. A Bíblia continua: “E assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus” (v. 11, NIV).   Os coríntios foram algumas dessas coisas. Foram idólatras, ladrões, adúlteros, homossexuais rumo ao castigo eterno, à dor, à miséria, e à loucura sem fim. Jesus Cristo os salvou e transformou, e por isso eles não eram mais idólatras, não eram mais ladrões, não eram mais adúlteros e não eram mais homossexuais.
   Considere alguém que passou a vida inteira praticando bruxaria. A Bíblia diz que Deus condena esse rebelde espiritual ao inferno. Após a sua conversão à fé cristã e antes de se tornar versada nas coisas de Deus, pode permanecer na pessoa um desejo forte de retornar à coisas que lhe são familiares. Ela dependia dessas coisas para ter senso de segurança, controle, poder, serenidade nas preocupações sobre o futuro, e ter confiança ao enfrentar as dificuldades da vida. A tentação em si não quer dizer que a conversão da pessoa falhou; significa que a pessoa deve recordar que essas coisas em que costumava crer são falsas e questionáveis, e que ela deve seguir adiante e crescer na fé. Ela deve aprender a confiar em Jesus Cristo para a vida presente e a vida por vir. A pior coisa que ele pode fazer é convencerse de que a bruxaria não é de fato proibida.
   É possível que o homossexual mude mesmo que as tentações persistam. O convertido deve abandonar seu passado pecaminoso, seu falso amor e seus desejos maus, e aprender a confiar em Jesus Cristo, a desenvolver o tipo certo de amor e o tipo certo de relacionamento. Quando as tentações vierem, resista.       Quando as tentações vencerem, arrependa-se. Continue aprendendo. Continue tentando. Não desista. Não se renda ao cansaço espiritual. Não fuja da culpa desculpando o pecado. A pior coisa que uma pessoa pode fazer é convencer-se de que a homossexualidade não é de fato um pecado. Seria como voltar à bruxaria, ao assassinato, ao adultério e à idolatria. Essa pessoa se ilude se pensa que foi salva do inferno.
   Porque uma parcela significativa da Igreja condena hoje a homossexualidade, precisamos também considerar a condição das pessoas. A mesma passagem que diz que Deus derrama a sua ira sobre os homossexuais, também condena aqueles que os aprovam: “Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam” (Romanos 1.32). A condição dessas pessoas é a mesma dos homossexuais, e a condição dos homossexuais é a mesma dos idólatras, assassinos, ladrões e adúlteros.
   O que devemos fazer com um assassino não cristão? Devemos pregar Cristo para ele, chamando-o ao arrependimento e à crença no evangelho. O que devemos fazer com quem se diz cristão, mas prega que o assassinato é aceitável a Deus, ou apoia assassinos para exercer o ministério? Devemos excomungá-lo e então tratá-lo como um não cristão, pois é isso o que ele é. Devemos aplicar a mesma política aos homossexuais e aos que os apoiam. Devemos pregar arrependimento aos homossexuais não cristãos, excomungar cristãos professos qu toleram a homossexualidade, e também excomungar os que se recusam a excomungá-los.
   Por excomunhão quero dizer que devemos declará-los como sendo não cristãos, que devemos afirmar de forma decidida que Deus os enviará ao inferno, que tanto quanto possível, devemos evitá-los em todas as relações sociais e comerciais, e que devemos removêlos fisicamente das igrejas e dos seminários. A única forma de eles voltarem à comunhão com crentes é abrirem mão do seu posicionamento anterior e declarar que a homossexualidade é defato um pecado, e que tolerar a homossexualidade também é um pecado; e então fazer uma profissão sincera e esclarecida em Cristo, que a justiça é tal como Deus a define, e que embora todos tenham caído, Cristo nos traz para dentro do reino dos céus ao nos conceder fé nele.
Fonte: Sermonettes, Volume 1. Págs. 93-98

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

VIDA DO LADO DE FORA DO TEMPLO

VIDA DO LADO DE FORA DO TEMPLO

409484853_04d0192fcd_m Acabou o culto, todos retiram-se para as suas casas, deixando para trás o templo, a fim de enfrentarem mais uma semana. Sob que perspectiva deve ser vista essa quantidade de tempo gasto com o mundo?
1. O exercício da vocação profissional deve ser visto como tão santo quanto o tempo dedicado à igreja. Trabalho não é tempo desperdiçado com o "mundo". É oportunidade de servir ao próximo, enriquecer a vida da sociedade e glorificar a Deus. Imagine a vida da igreja num mundo sem professores, faxineiros, médicos, advogados etc. Todos os recursos por meio dos quais templos são erigidos, missionários sustentados e contas da igreja pagas, são provenientes do trabalho duro de pessoas cuja atividade profissional, muitas vezes, é pela igreja rotulada de profana e menos sagrada do que o trabalho do pastor.
2. A luta pela justiça social -deve ser vista como consequencia natural- de uma pregação que conduz o ser humano a harmonizar ética privada com espírito público. Cristianismo não se resume a preocupação com tabaco, álcool e pornografia. É também angústia santa face à condição dos que sofrem abuso de poder, têm seus direitos violados, são ignorados pelo Estado. Todo aquele que foi tangido na alma pelo evangelho de Cristo, ama a Deus e a tudo o que Deus ama. Isso significa amar filho, cônjuge, pai, mãe. Significa também amar o pobre, o preso, o explorado.
3. A atividade profissional exercida com excelência e o compromisso pessoal com uma sociedade mais justa devem ser vistos como meios de proclamação do evangelho. Ambas as coisas devem ser feitas por motivo de consciência, mas quem as pratica, deve saber que, será sempre respeitado por aqueles que o observam.
A razão de destacar essas verdades, deve-se ao fato de que -pessoas estão sendo ensinadas nas nossas igrejas- a viverem tão somente para a manutenção da estrutura eclesiástica, verem como desperdício de vida o tempo gasto no trabalho, crerem que só encontrarão sentido para viver caso se dediquem exclusivamente à igreja, satisfazerem-se com um cristianismo que não forma homens de espírito público e pensarem que é possível a mensagem evangelística ser ouvida, quando somos péssimos profissionais, e revelamos alienação face à bárbarie, o desmando e a incompetência dos orgãos públicos.
Há uma vida a ser vivida do lado de fora da igreja. Seus desafios são tamanhos para o verdadeiro crente, que este anseia pelo retorno ao templo, a fim de ser renovado espiritualmente, visando levar novamente o Reino de Deus para locais onde imperam a injustiça e morte.
Antônio Carlos Costa