sábado, 16 de julho de 2011

Revolução Social 1945 -1990 – A Era dos Extremos - Eric Hobsbawn


Revolução Social 1945 -1990 – A Era dos Extremos - Eric Hobsbawn
    
                 A Morte do Campesinato / Declínio e Queda

            “... Assim a transformação mais sensacional, rápida e universal na história da humana entrou na consciência das mentes pensadoras que a viveram, Essa transformação é o tema do presente capítulo. - A morte do campesinato - (HOBSBAWN, Eric. A Era dos Extremos. Pg.283).
            “A mudança social mais impressionante e de mais longo alcance da segunda metade deste século, e que nos isola para sempre do mundo do passado foi a morte do campesinato” (HOBSBAWN, Eric. A Era dos Extremos. Pg. 284).
            Entre 1945 a 1990 transformações palpáveis aconteceram na sociedade ocidental, o que Hobsbawn vai chamar de Revolução Social. Estas tiveram como característica primordial a sua rapidez e universalidade a todos os continentes. Na base da revolução social ele apresenta quatro níveis de importantes modificações e uma delas é a morte do campesinato, na qual, podemos em algumas proposições, dizer como se deu essa “morte”
·         O mundo rural deixa para trás os seus valores e práticas tradicionais para inserirem-se no mundo do capital urbanizado;
·         Os camponeses tornaram-se assalariados e operários do campo;
·          Grandes êxodos rurais ocorridos na América Latina, devido aos processos de industrialização, triplicando a população urbana e as metrópoles;
·         A produção agrícola proporcionada mais pelo domínio tecnológico do que pela mão de obra e presença de terras.
            Desta forma mesmo os países mais rurais dependiam de alimentos importados.

Educação Superior e a Reformulação do Perfil dos Estudantes.

            “Quase quão dramático quanto o declínio e queda do campesinato, e muito mais universal, foi o crescimento de ocupações que exigiam educação secundária e superior.” (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos. Pg. 289).
            “Claro que, quase certamente, lhes daria uma renda maior que a dos não diplomados, e, em países de pequena educação, onde o diploma garantia um lugar na máquina do Estado, e, portanto poder, influência e extorsão financeira, podiam ser a chave para a verdadeira riqueza.” (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos. Pg. 291).

            Quais foram às causas e consequências da ampliação do ensino universitário e a reformulação do perfil dos estudantes

Causas:
            O Mercado mais industrializado exigiu mão de obra especializada o que gerou uma demanda muito grande às universidades, o acesso ao mundo universitário era a forma segura de ascender socialmente para os jovens da classe média. A pressão bilateral – indústrias e jovens de classe média – exigiram o crescimento da educação superior.

Conseqüências:
            Crescimento de mais de 50% de campi; Formação de uma grande população instruída e reivindicativa; Devido à origem social de menor poder aquisitivo, a tendência política predominante entre os estudantes era a de esquerda radical – basicamente o socialismo marxista. Algo totalmente novo, pois anteriormente, os filhos das classes mais altas que freqüentavam as universidades, eram apolíticos ou tendiam à direita.
            Não por acaso que um dos eventos históricos de maior repercussão neste momento que abordamos foi a Revolta estudantil de maio de 68, ocorrida na França. 

Crise da Classe Operária e sua Presença na Sociedade Civil.



            “Claro, as classes operárias acabaram – e de maneira muito clara após a década de 1990 – tornando-se vítimas das novas tecnologias; sobretudo os homens e mulheres não qualificados das linhas de produção em massa, que podiam ser mais facilmente substituídos por maquinário automatizado.” (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos. Pg. 298).
            “As crises econômicas do inicio da década de 1980 recriaram o desemprego em massa pela primeira vez em quarenta anos, pelo menos na Europa.
“Em alguns Países desavisados, a crise produziu um verdadeiro holocausto industrial.” (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos. Pg. 299).

            Resultando da reformulação dos grandes parques industriais, a camada operária não mais se concentrava na Europa, a tecnologia propunha outros modelos de produção e exigia um novo perfil do operário, a tradicional indústria passou a produzir com a mão de obra mais barata do “3º mundo”.  Assim o declínio daquela consciência sindical foi substituído pelo acesso a novos confortos e às máquinas substituíam o empregado mal qualificado que cada vez mais se submetia.

  Revolução Feminina – A Reformulação do Papel Social Feminino.
 
            “Uma grande mudança que mudou a classe operária, e também a maioria de outros setores das sociedades desenvolvidas, foi o papel impressionantemente maior nela desempenhado pelas mulheres; e, sobretudo – fenômeno novo revolucionário – as mulheres casadas” (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos. Pg. 304).
            “Dar as mulheres igualdade de direitos legais e políticos, insistir no seu acesso à educação e ao trabalho e responsabilidade dos homens, mesmo dar-lhes visibilidade e permitir-lhes ir e vir livremente em público, não são mudanças pequenas, como pode atestar todo aquele que compare a situação das mulheres em países onde o fundamentalismo religioso impera ou volta a ser imposto” (HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos. Pg. 310).
            Acredito piamente que uma das maiores revoluções acontecidas na história da humanidade foi à revolução feminina, sabemos que a mulher na maioria das sociedades foi cruelmente discriminada, logicamente com suas exceções, e isso desde a antiguidade, passando pelos tempos medievais, chegando até os dias contemporâneos.
            A revolução industrial incorporou o trabalho da mulher no mundo da fábrica, separou o trabalho doméstico do trabalho remunerado fora do lar. A mulher foi incorporada subalternamente ao trabalho fabril.
            Na sociedade capitalista persistiu o argumento da diferença biológica como base para a desigualdade entre homens e mulheres. As mulheres eram vistas como menos capazes que os homens. Com duas proposições podemos resumir, segundo Hobsbawn, esse novo fenômeno revolucionário.
·        Decorrência da entrada da mulher no mundo do trabalho associada aos acessos à educação superior e ao direito de voto e participação política,
·        O papel feminino que se reformulou foi aquele atribuído à mulher de classe média, pois a mulher pobre a muito já se encontrava no mundo do trabalho e, mesmo nestes novos tempos, manteve-se distante das universidades.
            A nova mulher passou a ver-se de forma inovadora e a buscar, além das fronteiras de seu lar, a autonomia e liberdade que lhe agradava.