segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

IDÉIAS FILOSÓFICAS DO SÉCULO XX



AS CORRENTES FILOSÓFICAS ATUAIS.

"O homem é visivelmente feito para pensar e toda sua dignidade, e todo o seu mérito, e todo o seu dever consiste em pensar corretamente." Pascal

A  FENOMENOLOGIA

É mais um método do que uma doutrina. Fundamentalmente, consiste em colocar entre parêntese todo o julgamento, todo conhecimento sobre o qual se tenha a menor dúvida. Só quando essas dúvidas estiverem dissipadas, faz-se Filosofia como rigor científico. Seu criador foi o alemão Edmund Husserl.

EXISTENCIALISMO

Martim Heidegger (1889-1976) foi o principal criador do existencialismo. Seu existencialismo bastante influenciado por Husserl, propunha-se a partir para o que Morente chamou de a terceira navegação da Filosofia. Opondo-se ao Idealismo (cuja afirmação básica era de que só através do pensamento puro se alcança o conhecimento), os existencialistas batiam-se por uma Filosofia que não estivesse além do humano. Uma Filosofia, enfim, na primeira pessoa. "Só se adquire o conhecimento vivendo a realidade", dizem eles . Segundo Heidegger, essa vivência se dá, sobretudo, pela angústia, mediante a qual o homem toma consciência de que é um ser frágil num mundo cruel e absurdo, onde o seu destino é a morte. Mas, apesar de frágil, o homem é livre, é aquele que escolhe. Essa afirmação de liberdade, comum a todos  os existencialistas foi sublinhada por Sartre, o mais popular representante da escola "Como é impossível não escolher, sou responsável não apenas por mim, mas por todos os outros homens, pois sua liberdade depende da minha". Tal conceito leva à necessidade do enganjamento; daí, sem dúvida uma das razões de sua aceitação entre os que procuram a ação pública.

PERSONALISMO

Tem em Mounier seu mais conhecido representante. Como Sartre, também foi um homem de ação, influenciado decisivamente a renovação ainda em curso da Igreja Católica. Atacou a ordem econômica, social e política do mundo contemporâneo (desordem estabelecida, segundo sua palavas) propôs uma revolução que começaria pela criação de estruturas, nem capitalistas, nem comunistas, que chegariam à satisfação das exigências do homem, à liquidação do egocentrismo, ao primado da vida moral, à passagem de "indivíduo a pessoa".
De certa forma o personalismo é também a Filosofia de Teilhard de Chardim (1881-1955), sacerdote católico cujas obras só puderam ser divulgadas depois de sua morte. Partindo de suas experiências como arqueólogo (foi ele quem descobriu o fóssil conhecido como Homem de Pequim), tentou uma conciliação entre fé e Ciência e propôs nova interpretação à Teoria da Evolução. Na teoria  teilhardiana, o homem é o eixo de toda a construção cósmica. A crise que hoje assistimos não é mais do que a quebra dos últimos elos com a idade neolítica. Terminará muito cedo e, no futuro, o homem estará dominando todos os conhecimentos.

ESTRUTURALISMO

Nasceu com o Belga Lévi-Strauss, que viveu alguns anos no Brasil, no início da década de 30. hoje, aquele conhecido etnólogo, que estudadva os índios da Região Central, é uma figura de destaque no pensamento contemporâneo. Examinando e comparando as atividades inconscientes, elementares e essenciais no interior dos agrupamentos humanos que são as sociedades, Lévi-Strauss concluiu a  existência de algo comuma a todas elas. Assim, para além das diferenças de raças e níveis de civilização, concebe uma unidade fraternal entre homens, que se reconhecem nos mesmos atos e na mesmas aspirações fundamentais.

DIRLEY DOS SANTOS

SOLA GRACIA

domingo, 20 de dezembro de 2009

ETNOCENTRISMO

                                       ETNOCENTRISMO

Etnocentrismo, É uma visão do mundo onde o “nosso grupo” é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos próprios valores e nossas definições do que é existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. O etnocentrismo é a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e as razões pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, ou seja, um reflexo de nós. Depois, então, nos deparamos com um grupo diferente, o grupo do “outro”, que às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e ainda que diferente, também existe.


O etnocentrismo é uma cosmovisão que com certeza não se aplica somente ao modelo civilizatório europeu, nem na realidade é uma visão de mundo específica, relacionada a diferenças culturais de uma sociedade para outra, O etnocentrismo é de fato, um fenômeno universal e que acontece nas questões mais corriqueiras da vida, como por exemplo no campo religioso, no campo das classes sociais, na questão das raças, na maneira de vestir, nas diferenças sexuais, etária, e em grupos diferentes etc. O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado dentro de qualquer sociedade, ou meio de convívio. Agressões verbais, e até físicas, praticadas contra os estranhos que se arriscam em determinados bairros periféricos de nossas grandes cidades é um dos exemplos.

A postura etnocêntrica é um dos primeiros entraves ou uma das primeiras dificuldades para que as pessoas se associem, formando grupos. Além disso, e em seguida, após o grupo formado, podemos observar a dificuldade dos diferentes grupos se relacionarem. Da mesma forma que o indivíduo sente dificuldade em aceitar a verdade do outro, na relação entre os grupos isso também ocorre: A verdade de um grupo, em confronto com a verdade do outro produz os choques e os atritos tão presentes nas manifestações dos grupos de jovens, nas gangs, nas patotas juvenis. Podemos, inclusive, dizer que as brigas e confrontos entre traficantes, tão noticiados pela grande imprensa, além de todas as caracterizações sociológicas, políticas e sociais que possam ser feitas, também podem ser vistas como manifestação etnocêntrica.

DIRLEY DOS SANTOS

SOLI DEO GLORY

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

EXPIAÇÃO LIMITADA (DEFINIDA)

                                     Jesus Morreu por Todos?
por
R. C. Sproul

    Um dos pontos mais controvertidos da teologia reformada tem a ver com o terceiro item de nossa lista de itens do Capítulo Cinco. É a expiação limitada. Este tem sido um tal problema de doutrina que há multidões de cristãos que dizem que abraçar a maioria das doutrinas do calvinismo, mas saem do barco bem aqui.
Referem-se a si mesmos como os calvinistas dos “quatro pontos”. O ponto que não podem sustentar é a expiação limitada. Freqüentemente tenho pensado que, para ser um calvinista de quatro pontos, é preciso que a pessoa não entenda pelo menos um dos cinco pontos. É difícil imaginar que a pessoa possa entender os outros quatro pontos do calvinismo e negar a expiação limitada. Existe sempre a possibilidade, contudo, da feliz inconsistência pela qual as pessoas sustentam diferentes pontos de vista ao mesmo tempo.
    A doutrina da expiação limitada é tão complexa que, para tratá-la adequadamente, seria preciso um volume completo. Nem mesmo dediquei um capítulo inteiro a ela neste volume, porque um capítulo inteiro não lhe faria justiça. Eu pensei em não mencioná-la de todo, porque existe o perigo de que dizer pouco sobre ela seja pior do que não dizer nada. Mas penso que o leitor merece pelo menos um breve resumo da doutrina e assim procederei - com cuidado porque o assunto requer um tratamento mais profundo do que posso conceder aqui.
    A questão da expiação limitada tem a ver com a pergunta: “Por quem Cristo morreu? Ele morreu por todos ou somente pelos eleitos?”
    Todos concordamos que o valor da expiação de Cristo foi suficientemente grande para cobrir os pecados de todos os seres humanos. Também concordamos que sua expiação é verdadeiramente oferecida a todos os seres humanos. Qualquer pessoa que coloca sua confiança na morte expiatória de Jesus Cristo certamente receberá os completos benefícios dessa propiciação. Estamos também confiantes de que, qualquer que responde à oferta universal do Evangelho será salvo.

A questão é: “Para quem a expiação foi designada?”

     Deus mandou Jesus ao mundo meramente para tornar a salvação possível às pessoas? Ou Deus tinha alguma coisa mais definida em mente? (Roger Nicole, o eminente teólogo batista, prefere chamar a expiação limitada de “Expiação Definida”).
Alguns argumentam que tudo o que expiação limitada significa é que os benefícios da expiação são limitados aos crentes que satisfazem as condições necessárias de fé. Isto é, embora a expiação de Cristo fosse suficiente para cobrir os pecados de todos os homens e para satisfazer a justiça de Deus contra todo pecado, ela efetiva a salvação somente para os crentes. A fórmula diz: Suficiente para todos, eficiente somente para os eleitos.
    Esse ponto simplesmente serve para nos distinguir dos universalistas, que crêem que a expiação assegurou salvação para todos. A doutrina da expiação limitada vai além disso. Refere-se à questão mais profunda da intenção do Pai e do Filho na cruz. Declara que a missão e morte de Jesus foi restrita a um número limitado — a seu povo, suas ovelhas.
Jesus foi chamado de “Jesus” porque Ele salvaria seu povo de seus pecados (Mt 1.21). O Bom Pastor dá sua vida pelas ovelhas (Jo 10.15). Essas passagens são encontradas freqüentemente no Novo Testamento.
    A missão de Cristo era de salvar os eleitos. “E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.39).
    Não tivesse havido um número fixo de contemplados por Deus quando Ele designou que Cristo morresse, então os efeitos da morte de Cristo teriam sido incertos. E possível que a missão de Cristo tivesse sido uma tristeza e completo fracasso.
    A propiciação de Jesus e sua intercessão são obras conjuntas de seu sumo sacerdócio. Ele explicitamente exclui os não eleitos de sua grande oração sumo sacerdotal: “...não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus...” (Jo 17.9). Cristo morreu por aqueles por quem Ele não orou?
    A questão essencial aqui diz respeito à natureza da oferta de Jesus. A oferta de Jesus inclui tanto expiação quanto a propiciação. Expiação envolve a remoção que Cristo faz de nossos pecados “para fora” (ex) de nós. Propiciação envolve uma satisfação pelo pecado “perante ou na presença de” (pro) Deus.
    O arminianismo tem uma oferta que é limitada em valor. Não cobre o pecado dos incrédulos. Se Jesus morreu por todos os pecados de todos os homens, se Ele expiou todos os nossos pecados e propiciou todos os nossos pecados, então todos seriam salvos. Uma oferta potencial não é uma oferta verdadeira. Jesus realmente fez oferta pelos pecados de suas ovelhas.
    O maior problema com a expiação definida ou limitada é encontrado nas passagens que as Escrituras usam referentes à morte de Cristo “por todos” ou pelo “mundo todo”. O mundo por quem Cristo morreu não pode significar a família humana inteira. Deve referir-se à universalidade dos eleitos (povo de todas as tribos e nações), ou à inclusão dos gentios em acréscimo ao mundo dos judeus. Foi um judeu que escreveu que Jesus não morreu meramente por nossos pecados, mas pelos pecados do mundo todo. Será que a palavra nossos refere-se aos crentes ou aos judeus crentes?
    Precisamos nos lembrar de que um dos pontos cardeais do Novo Testamento refere-se à inclusão dos gentios no plano da salvação de Deus. A salvação era dos judeus, mas não restrita aos judeus. Onde quer que seja dito que Cristo morreu por todos, algum limite precisa ser acrescentado, ou a conclusão teria de ser o universalismo ou a mera expiação potencial.
    A expiação de Cristo foi real. Ela efetivava tudo o que Deus e Cristo pretendiam dela. O desígnio de Deus não foi e não pode ser frustrado pela incredulidade humana. O Deus soberano soberanamente enviou seu Filho para propiciar pelo seu povo.
    Nossa eleição é em Cristo. Somos salvos por Ele, nele e para Ele. O motivo para nossa salvação não é meramente o amor que Deus tem por nós. É especialmente baseada no amor que o Pai tem pelo Filho. Deus insiste que seu Filho verá o trabalho de sua alma e ficará satisfeito. Nunca houve a menor possibilidade de que Cristo pudesse ter morrido em vão. Se o homem está verdadeiramente morto no pecado e preso ao pecado, uma mera expiação potencial ou condicional não somente pode ter acabado em fracasso, como muito certamente teria acabado em fracasso.
    Os arminianos não têm razão verdadeira para crer que Jesus não morreu em vão. São deixados com um Cristo que tentou salvar a todos, mas na realidade não salvou ninguém.



Fonte: Eleitos de Deus – R.C. Sproul - Editora Cultura Cristã 2002

sábado, 12 de dezembro de 2009

Pragmatismo, sua Influência e a Postura das Escrituras com Relação a essa Corrente Filosófica

                                                            O PRAGMATISMO
Essa foi uma corrente filosófica que nasceu no final do século XIX, nos EUA. Na verdade, esse movimento filosófico pode ser considerado a maior contribuição do pensamento norte-americano a Filosofa Ocidental. Em sua base epistemológica, encontran-se o empirismo inglês do século XVII e o Positivismo do Século XIX.

Muito embora existam cerca de treze concepções diferentes, poderíamos dizer que, para os pragmatistas em geral, a verdade de uma proposição afirma-se pela sua eficácia, ou seja, válidos são os conhecimentos que produzem resultados. Para eles pensamento e ação são inseparáveis. Portanto, são contra toda forma de conhecimento de caráter especulativo. Logo, a Filosofia não ocupava um lugar de destaque para eles também. Vejamos, nas palavras de Willian James, que utilizou inicialmente esse conceito, como ele define:

O pragmatismo (...) desvia-se da abstração; de tudo o que torna o pensamento inadequado. Soluções verbais, más razões a priori, sistemas fechados e firmes; de tudo o que é por assim dizer, um absoluto ou uma pretensa origem, para voltar-se na direção do pensamento concreto e adequado, dos fatos, da solução eficaz (JAMES, Apoud RUSS, 1991, p. 225).

Essa forma de pensar influenciou muito a cultura brasileira ao longo do século XX. Mas, porque isso ocorreu? É notório, para todos nós que houve uma invasão cultural norte-americana não apenas no Brasil, mas em vários países. Como decorrência dessa invasão, o espectro da Filosofia brasileira não passou incólume. Por isso essa forma de pensar acabou atingindo não só as Universidades como também o cotidiano das pessoas e infelizmente, até mesmo muitas igrejas evangélicas embarcaram nessa.

O pragmatismo valoriza aquilo que dá resultado imediato e que vem ao encontro dos seus interesses. Dessa forma, pensar de forma pragmática é ser transigente, sempre que nossos interesses estão em jogo. É agir conforme conveniência, sem reflexão a partir dos valores éticos.

Muito embora o início do pragmatismo tenha surgido como uma concepção epistemológica para justificar determinada concepção de ciência, essa construção teórica passou a orientar as ações dos atores sociais.

Os principais representantes do pragmatismo foram Charles Peirce, Willian James, George Herber Mead e John Dewey.

A Influência do Pragmatismo

Para a sociedade moderna influenciada pelo pragmatismo o que importa é o resultado final e não o processo. Muitas pessoas hoje paralelamente ao tratamento médico tradicional estão também procurando pais de santos, igrejas evangélicas, medicinas alternativas, e outras coisas mais, pois o que importa não é o meio através do qual se obtém o resultado.

Assim também o homem moderno tem lidado consigo mesmo em suas questões emocionais e espirituais. Muitos têm agarrado sem vacilar ao que lhes promete resultados imediatos, seja na forma de um livro que os leve a prosperidade financeira, seja na forma de um curso que os conduza a relacionamentos perfeitos, ou seja, até mesmo na forma de uma palestra “evangélica” que lhes garanta vitória imediata sobre tudo e todos.

O grande problema do pragmatismo na minha opinião e isso falando de forma bem prática, é que as pessoas influenciadas por essa corrente filosófica estão na verdade preocupadas com o resultado, com os fins, os meios não importam, quais os meio serão utilizados para alçarem seus interesses isso é irrelevante, e se for preciso prejudicar alguém, mentir, surrupiar, enganar, pisar, ou qualquer outra coisa mais, semelhantes a essa para conseguir seus objetivos será feito por que o que importa é alcançar o “meu interesse”.

Postura Bíblica

A preocupação com os resultados imediatos do homem de nosso tempo influenciados pelo pragmatismo se mostra em franca oposição à forma como Deus lida com o preparo de seus servos como José, Moisés, Davi, Pedro, Paulo entre outros

Se examinarmos a história destes homens, vamos ver que para Deus o processo é tão importante quanto os resultados. Através das circunstâncias adversas e dos anos, Deus está constantemente escrevendo uma história que o glorifique.

O imediatismo pragmático de nossos dias não consegue conceber um Deus que permite que José fique durante tantos anos numa prisão no Egito.

Mas foram necessárias circunstâncias adversas e o tempo para que tivéssemos uma das histórias bíblicas mais lindas e inspiradoras.

E como ler a história de Paulo pela ótica imediatista e pragmática de nossa sociedade.

Assim sendo, devemos considerar que muitas vezes as dificuldades, as crises as enfermidades fazem parte do propósito de Deus para as nossas vidas, não existindo a necessidade da busca imediatista e pragmática, muito pelo contrário, de uma fé que confia que mesmo quando não entendemos o que está acontecendo, Deus está como o controle de todas as coisas e no tempo certo há de se manifestar como Deus poderoso e grande







sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Influência e o Papel do Conceito de Ideologia Para a Análise das Relações Sociais

 A Influência e o Papel do Conceito de Ideologia Para a Análise das Relações Sociais.


Conceito de Ideologia: Conjunto de idéias e determinações comportamentais, morais, éticas e religiosas que se pretendem existentes “Per se” e que assume caráter “normativo” “generalizado” numa sociedade toda (historicamente). Encontra-se na maioria das vezes “disfarçada” em normas de senso comum ou do (no) imaginário”.
Para Florestam Fernandes, "a idéia fundamental do conceito de ideologia é que indivíduo pensa e age de modo determinado pelo fato de ter certa posição social." (FERNADES, Florestan. Elementos de Sociologia Teórica. Companhia Editora NAcional. pg. 229).


Influência da Ideologia

A ideologia tem influência marcante nos jogos do poder e na manutenção dos privilégios que plasmam a maneira de pensar e de agir dos indivíduos na sociedade. A ideologia seria de tal forma insidiosa que até aqueles em nome de quem ela é exercida não lhe perceberiam o caráter ilusório.

A ideologia ela tem o poder de trazer uma falsa consciência, algo que mostra uma “realidade invertida”, isto é, a ideologia maquia a realidade, fazendo com que as pessoas acreditem em algo que não é real, a ideologia é uma ilusão, um mascaramento da realidade e que faz uso de ferramentas simbólicas voltadas à criação e/ou a manutenção de relações de dominação.

A ideologia tem uma relação extremamente íntima com a alienação que para Marx, faz com que as pessoas não se percebam como “... sujeitos e agentes, os homens se submetem às condições sociais, políticas, culturais, como se elas tivessem vida própria”. Acreditam que a sociedade não foi instituída por eles; não se reconhecem como sujeitos sociais, políticos, históricos, como agentes e criadores da realidade. Exemplo clássico disso é a política. A cada escândalo político, as pessoas reclamam, falam mal, mas não fazem nada de concreto a fim de mudar essa realidade, pelo contrário! A cada eleição votam nas mesmas pessoas em troca de Bolsa Miséria e afins. Por mais que entendam que o problema é sistêmico, ou seja, que é necessário que as regras políticas sejam mudadas, esperam que os corruptos façam isso por eles. Ou seja, nunca vai mudar! Isso se chama “analfabetismo político” (alienação intelectual).

Outro exemplo que poderíamos dar é a do “operário-padrão” que ao receber um prêmio do patrão, avaliza os valores que o mantêm subordinado e que certamente seriam descartados por aqueles que já adquiriram consciência de classe. É assim que a empregada doméstica "boazinha" não discute salário e não implica se trabalha além do horário. Também os missionários que acompanhavam os colonizadores às terras conquistadas certamente não percebiam o caráter ideológico da sua ação ao querer implantar uma religião e uma moral estranhas às do povo dominado. A ideologia gera alienação.

Existe uma dialética entre a ideologia e a alienação, esta dialética, faz com as pessoas se tornem meras mercadorias. Nossos sentimentos, expectativa de vida e todo o resto não são levados em conta, tudo é trabalho! Tudo é dinheiro! Esta é a lógica nesse sistema nefasto que é o capitalismo. Não valemos quanto Seres Pensantes, mas sim, Seres “biológicos” emprestando o corpo à determinada função “o homem não se percebe como coisa e não enxerga os mecanismos de dominação e exploração implícitos no modo de produção capitalista”. (PIRES, Valdir – Fetichismo na Teoria Marxista: Um Comentário). Torna-se basicamente uma máquina, ou melhor, uma mercadoria, Portanto, o fetichismo são relações entres “coisas” (mercadorias) e não entre homens. Nós, dentro desse pensamento, somos meros “produtos”, mercadorias e como tais “possuímos valor de troca”. Na verdade o que percebemos é que a ideologia é um “instrumento” para mascarar a exploração do ser humano em detrimento simplesmente e exclusivamente do lucro, que é a tônica maior do sistema capitalista.

“O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz... O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior número de bens produz. Com a valorização do mundo das coisas, aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens” (Marx – Manuscritos Econômicos Filósofos).

Papel da Ideologia

O grande papel da ideologia é ser um dos instrumentos da dominação de classe, e uma das formas da luta de classes. A ideologia é um dos meios usados pelos dominantes para exercer a dominação, fazendo com que esta não seja percebida como tal pelos dominados.

Na ideologia faz-se presente a separação entre produção de idéias e momento histórico-social, isto é, a ideologia concebe essa dissociação no afã de explicar o que ocorre à volta. Assim, a história é vista como:

“entidade autônoma que possui seu próprio sentido e caminham por sua própria conta, usando os homens como seus instrumentos” (CHAUÍ, MARILENA DE SOUZA. O Que é Ideologia. São Paulo: Abril Cultural/ Brasiliense, 1984. Pg. 84).

O papel da ideologia é trazer alienação e essa alienação é promovida até os dias atuais pelos que detém o poder político-econômico, os quais tornam a máquina estatal um mero instrumento de realização de seus objetivos. A superestrutura do Estado fica, pois, à mercê dos interesses de uma classe que domina e que explora contingentes humanos.

O interessante é que os meios que a classe dominante se utiliza para se manter no poder são dois: O Estado e a Ideologia. Através do controle do Estado, a classe dominante mantém preservados seus interesses. No Estado, ela utiliza o Direito para legitimar sua dominação, e a Lei, passa a ser direito para o dominante e dever para o dominado. Isso fica fácil demonstrar no Brasil, basta vermos o sistema carcerário brasileiro. Dentre todo o universo de presidiários brasileiros, mais de 95% pertencem às classes sociais “C”, “D” e “E”, ou seja, a classe mais beneficiada economicamente, isto é, a classe dominante, quase nunca é atingida pela legislação penal vigente.

O grande papel da ideologia é mascarar a realidade, ou seja, ela tem a função de trocar o “real” pelo “ideal”. A ideologia faz com que as pessoas não vejam as coisas como verdadeiramente elas são. Ela substitui a realidade de determinada situação pela idéia sobre determinada situação. Isso pode ser visto numa análise do conceito de ESTADO, que pela ideologia passa a ser visto como o conjunto de pessoas que buscam um bem comum (visão idealista), enquanto na verdade o ESTADO nada mais é do que a exploração de uma classe social sobre as demais (visão realista). Esse ocultamento/ mascaramento da realidade é que faz com que as pessoas aceitem tudo isso como legitimo, sem saber que elas estão substituindo a “idéia” de ESTADO pela “realidade” de ESTADO.



DIRLEY DOS SANTOS

SOLUS CRISTUS