A filosofia antiga foi marcada, em grande medida, pela investigação da natureza. Era a busca de explicações racionais para o Universo manifestado na procura de um princípio primordial para todas as coisas existentes. Segui-se a esse período uma nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse no próprio homem e nas relações do homem com a sociedade.
Os pré-socráticos diziam que a origem de todas as coisas (ARQUE) estava presente na natureza, diferente do discurso mítico que dizia que a origem de todas as coisas estava fora do mundo, isto é, o discurso mítico tentava explicar a origem de todas as coisas pelo transcendente, pelo divino, os pré-socráticos, diferentemente, tentavam explicar a origem de todas as coisas pelos elementos da natureza, chamado elemento primordial.
Os pré-socráticos em vez de buscar as causas do mundo fora do mundo, como a filosofia mítica, vão buscar as causas, a origem do mundo no próprio mundo, na natureza, por isso eram também chamados naturalistas, exatamente em oposição ao discurso mítico. A filosofia dos pré-socráticos vai romper com o discurso mítico religioso. Os pré- socráticos vão explicar a natureza de forma racional (Discurso Filosófico) LOGOS – Discurso Racional. Os Filósofos pré-socráticos eram também chamados de físicos, exatamente porque estudava o físico, a natureza.
Entretanto, chega um momento que a filosofia dos pré-socráticos começa a se desgastar, começa a se esgotar, por alguns motivos: Primeiro pelas próprias contradições existentes entre os filósofos pré-socráticos, na questão da origem de todas as coisas; segundo por causa do surgimento da democracia, surge agora a possibilidade de resolverem as diferenças e divergências existentes nessa sociedade em nome de um interesse comum, através do entendimento mútuo, e de leis iguais para todos; terceiro com o desenvolvimento da atividade comercial, com a consolidação das várias cidades-estados e com a organização da sociedade ateniense, trazendo enriquecimento e fazendo surgir uma classe mercantil e ainda a possibilidade do contato com outras culturas e filosofias orientais. A partir de então as coisas do homem começam a entrar em vigor; a ética, a política, a educação, a moral, o amor etc. Todos esses temas vão ser objeto da filosofia socrática.
Os Sofistas
Estes não eram considerados filósofos por Sócrates, eram considerados enganadores - Sofisma – Têm aparência de verdade, mas não é – Sofistas - diz coisas que tem aparência de verdade, mas não é verdade. Foram considerados assim porque ao contrário de Sócrates, não acreditavam que a verdade pudesse existir, para Sócrates a verdade está dentro de nós (Inatista), o que falta para as pessoas é educação para conhecer a verdade.
A postura dos sofistas, demonstrando pouca preocupação com a verdade e muito mais com o argumento, levou Platão a colocar na boca de Sócrates a afirmação de que "Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente por não supor que saiba o que não sei". Vê-se, portanto que a preocupação dos sofistas é a argumentação e a de Sócrates/Platão é a verdade daquilo que se sabe ou do que se pode saber.
O período antropológico que também é chamado o período Clássico da Filosofia recebe essa denominação por que nessa época floresceu não só a filosofia, como também as artes e o começo da organização de todo o saber. Principalmente pela atuação de Aristóteles e seus discípulos do Liceu (nome de sua escola, em homenagem ao deus Apolo Lício) floresceu o processo de aquisição e sistematização de vários saberes. A filosofia chegou ao seu apogeu com esses três pensadores que foram uma das maiores marcas da história do saber.
Falemos um pouco sobre a filosofia destes três pensadores que realmente marcaram a história do saber.
Sócrates
Tudo o que sabemos sobre Sócrates é somente através dos diálogos de Platão. Sócrates ensinava na Praça de Atenas, dialogando com seus discípulos e interlocutores. Usava a maiêutica e a ironia, como instrumentos metodológicos. Em virtude de sua postura filosófica foi chamado de "inseto", comparado com uma mosca: a mosca de Atenas. Um de seus principais discípulos foi Platão. A doutrina que Sócrates ensinava foi considerada espúria, foi acusado de corromper a juventude.
Para Sócrates o conhecimento está dentro de nós, se as pessoas erram é porque lhes falta educação. Se conhecessem a verdade que está dentro delas não errariam.
Sócrates desenvolveu um método para descobrir a verdade – A MAIÊUTICA – Utilizando-se de perguntas até chegar à verdade, com as respostas que eram dadas. Sócrates era inatista, acreditava que a verdade está dentro das pessoas.
Para Sócrates o processo de Educação é extremamente importante, pois é através dela que se encontra a verdade.
A Maiêutica Socrática,
Maiêutica que significa literalmente arte de fazer o parto, uma analogia com o ofício de sua mãe que era parteira. Ele também se considerava um parteiro, mas das idéias. A maiêutica socrática opera inicialmente através de um questionamento de crenças habituais de um interlocutor, interrogando-o, provocando-o a dar respostas e a explicitar o conteúdo e o sentido dessas crenças. Em seguida, freqüentemente utilizando-se de ironia, problematiza essas crenças com que o interlocutor caia em contradição, perceba a insuficiência delas, sinta-se perplexo e reconheça a sua ignorância. É este o sentido da célebre fórmula socrática “só sei que nada sei” a idéia de que o reconhecimento da ignorância é o princípio da sabedoria. A partir daí, o indivíduo tem o caminho abeto para encontrar o verdadeiro conhecimento (epistem), afastando-se do domínio da opinião (doxa).
Platão
Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre prosápia. Temperamento artístico e dialético.
Aos vinte anos, Platão travou relação com Sócrates - mais velho do que ele quarenta anos - e gozou por oito anos do ensinamento e da amizade do mestre. Quando discípulo de Sócrates e ainda depois, Platão estudou também os maiores pré-socráticos. Depois da morte do mestre, Platão retirou-se com outros socráticos para junto de Euclides, em Mégara. Daí deu início a suas viagens, e fez um vasto giro pelo mundo para se instruir (390-388). Visitou o Egito, de que admirou a veneranda antigüidade e estabilidade política; a Itália meridional, onde teve ocasião de travar relações com os pitagóricos (tal contato será fecundo para o desenvolvimento do seu pensamento); a Sicília, onde conheceu Dionísio o Antigo, tirano de Siracusa e travou amizade profunda com Dion, cunhado daquele. Caído, porém, na desgraça do tirano pela sua fraqueza, foi vendido como escravo. Libertado graças a um amigo, voltou a Atenas.
Em Atenas, pelo ano de 387, Platão fundava a sua célebre escola, que, dos jardins de Academo, onde surgiu, tomou o nome famoso de Academia. Adquiriu, perto de Colona, povoado da Ática, uma herdade, onde levantou um templo às Musas, que se tornou propriedade coletiva da escola e foi por ela conservada durante quase um milênio, até o tempo do imperador Justiniano (529 d.C.)
Quando Platão tem contato com os Pitagóricos e os Eleatas, então começa a se distanciar de Sócrates e então começa a formular a sua própria filosofia. Uma coisa interessante que percebemos é que o mundo ocidental é muito influenciado pelo platonismo.
Segundo Platão todas as coisas são cópias, é o mundo sensível, existe outro mundo chamado mundo das idéias (das formas) onde está a verdade, o mundo sensível é somente cópia deste mundo das idéias. Poderíamos sintetizar o pensamento de Platão da seguinte forma:
Mundo das Coisas Mundo das Idéias
Mundo das Coisas Mundo das Idéias
Cópias Inteligíveis
Sensível Mundo de formas puras
Imperfeito Perfeito
Ninguém tem a verdade Mundo da Verdade
Não podemos conhecer nada,
temos uma idéia que Real
temos uma idéia que Real
trazemos dentro de nós.
O Mundo das coisas é o que percebo pelos meus sentidos, entretanto para chegarmos ao mundo das formas somente através da razão.
Para Platão só quem conhece o mundo das idéias é quem conhece a verdade. O filósofo pode conhecer a verdade, por isso que para Platão quem deveria governar o mundo deveria ser os filósofos.
Aristóteles
Para Platão o que vale é o mundo das formas puras, a verdade está no mundo das idéias, no mundo inteligível, Aristóteles que foi discípulo de Platão vai ter outra opinião.
Aristóteles vai trazer o mundo das idéias para dentro do sensível. Aristóteles vem com a idéia de que a realidade não é dupla conforme Platão afirmava com a sua teoria do mundo das coisas e o mundo das idéias, para Aristóteles não existe uma dualidade, o que existe são as coisas individuais.
Ele percebe que aquelas coisas que Platão falou não procede, o que existe são as coisas, o dual são partes constitutivas. O mundo que nós vivemos é o mundo das formas e da matéria.
A forma enforma a matéria e constitui o sínolo, a substância é formada de matéria e forma, o que existe é a coisa, isto é, se você quer conhecer a realidade, você tem que conhecer a coisa, o indivíduo, por isso Aristóteles vai valorizar o conhecimento sensível, pois o primeiro contato se dá através do sentido, até chegar o mais perfeito que o conhecimento teórico. Todas as coisas são compostas de matéria e forma.
Ato e Potência: É como Aristóteles explica o movimento, a transformação, as coisas se modificam algo que está em ato passa pela potência e se transforma em outro ato, aí o sínolo se transforma em outro sínolo.
Tudo é composto de matéria e forma, quando acontece a transformação a forma se desconecta da matéria, entretanto quando se forma outra substância, se forma outro ato e há um novo composto de matéria e forma – A potência é a possibilidade de vir a ser.
Por isso o ato é mais perfeito do que a potência, por que a potência é a possibilidade de vir a ser, mais ainda não é.
Para Platão o conhecimento era inato, para Aristóteles o conhecimento se dá a partir das coisas individuais