quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Desenvolvimento Histórico da Doutrina da Trindade





Introdução







A doutrina da Trindade é essencial ao cristianismo; ela descreve os relacionamentos existentes entre os três membros da Divindade de um modo consciente com as Escrituras.
É fundamental nessa doutrina a questão de como Deus pode ser ao mesmo tempo um e três. Os primeiros cristãos não queria perder o seu monoteísmo judaico enquanto exaltavam o seu Salvador. Surgiram heresias quando as pessoas procuraram explicar o Deus cristão sem se tornarem triteísta (como judeus rapidamente os acusaram de ser). Os cristãos argumentaram que o monoteísmo judaico do Antigo Testamento não excluia a Trindade.
O climax da formulação trinitária ocorreu no Concílio de Constatinopla, em 381 d.C. Devemos a esse concílio a expressão do conceito ortodoxo da trindade. Todavia, para apreciarmos o que disse o concílio é útil acompanharmos o desenvolvimento histórico da doutrina. Isso não significa que a igreja ou qualquer concílio tenha inventado a doutrina. Antes, foi para responder às heresias que a igreja explicou o que a Escritura já pressupunha.


A IGREJA PRÉ-NICÊNICA: 33-325 d.C.


Os Apóstolos 33-100 d.C.
O ensino apostólico claramente aceitou a plena divindade de Jesus, e aceitou e adotoua fómula batismal trinitária.


Os Pais Apostólicos 100-150 d.C.
Os escritos dos Pais Apostólicos eram caracterizados por uma paixão acerca de Cristo (Cristo provém de Deus; ele é pré-existente) e por ambiguidade teológica acerca da Trindade.


Os Apologistas e os Polemistas 150-325 d.C.
As crescentes perseguições e heresias forçaram os escritores a declararem de maneira mais precisa e defenderem o ensino bíblico acerca do Pai, do Filho e do Espíriro Santo.

  • Justino Mártir: Cristo é distinto do Pai em sua função


  • Atenágoras: Cristo não teve princípio


  • Teófilo: O Espírito Santo é distinto do Logos.


  • Orígenes: O Espírito Santo é co-eterno com o Pai e o Filho.


  • Tertuliano: Falou em "Trindade" e "Pessoas" - três em número, mas um em substância.

O CONCÍLIO DE NICÉIA: 325 d.C.
Por causa da difusão da heresia ariana, que negava a divindade de Cristo, a unidade e até mesmo o futuro do Império Romano pareciam incertos. Constantino, recentemente convertido, reuniu um concílio ecumênico em Nicéia para resolver a questão.

A questão: Cristo era plenamente Deus, ou um ser criado e subordinado?
  • Ário

  • Somente Deus Pai é eterno


  • O Filho teve um princípio como o primeiro e mais importante ser criado.


  • O Filho não é um em essência com o Pai.


  • Cristo é subordinado ao Pai


  • Ele é chamado como um título honorífico.

Atanásio

  • Cristo é co-eterno com o Pai.


  • Cristo não teve princípio.


  • O Filho e o Pai têm a mesma essência.


  • Cristo não é subordinado ao Pai.


DECLARAÇÕES FUNDAMENTAIS DO CREDO DO CONCÍLIO
(Nós cremos) "em um Senhor Jesus Cristo... verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, não feito de uma só substância com o Pai."
"Mas aqueles que dizem que houve um tempo em que Ele não esistia, e que antes de ser gerado Ele não era... a estes a Igreja Católica anatematiza."
"E cremos no Espírito Santo"
RESULTADO DO CONCÍLIO

  • O Arianismo foi formalmente condenado


  • A declaração Homoousia (mesma substância) criou conflitos.


  • Os arianos reinterpretam homoousia e acusaram o concílio de monarquianismo modalista.


  • A Doutrina do Espírito Santo ficou sem ser elaborada.



CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA

  • O arianismo não foi extinto em Nicéia; na realidade, ele cresceu em importância. Além disso, surgiu o macedonianismo, que subordinava o Espírito Santo essencialmente da mesma maneira que o arianismo havia subordinado Cristo.
    A questão: o Espírito Santo é plenamente Deus?

DECLARAÇÃO FUNDAMENTAL DO CREDO DO CONCÍLIO


"...E no Espírito Santo, o Senhor e doador da vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado juntamente com o Pai e o Filho."


RESULTADOS DO CONCÍLIO

  • O Arianismo foi rejeitado e o Credo Niceno reafirmado.


  • O macedonianismo foi condenado e a divindade do Espírito Santo afirmada.


  • Foram resolvidos grandes conflitos acerca do trinitarianismo (embora os debates cristológicos tenham continuado até a Calcedônia, em 451 d.C.


DIRLEY DOS SANTOS

SOLI DEO GLORY








2 comentários:

  1. Olá Dirley;

    Eu visitei seu Blog e li a matéria acima.
    Em um dado momento fiquei curioso sobre o que você falou sobre os batismos realizados pelos apóstolos ou seja:

    “ Os Apóstolos 33-100 d.C.
    O ensino apostólico claramente aceitou a plena divindade de Jesus, e aceitou e adotou a fórmula batismal trinitária.”

    Pergunto: O que a igreja Presbiteriana do Brasil ensina sobre o batismo realizado pelos apóstolos? Eles realmente batizavam utilizando a fórmula trinitária ( em nome do Pai e do Filho e do E. Santo) ou batizavam apenas em nome de uma pessoa ou seja apenas em nome do Senhor Jesus?

    Você poderia indicar algum estudo da IPB confirmando que os apóstolos batizaram os na fórmula trinitária e não apenas em nome de Jesus?

    Obrigado.
    raimundo.amaral@hotmail.com

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    1. Raimundo, aqueles que batizam só em nome de Jesus Costumam citar as seguintes passagens:

      Atos 2:38 – “...seja batizado em nome de Jesus Cristo.”
      Atos 8:16 – “...haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus.”
      Atos 10:48 – “...batizados em nome de Jesus Cristo.”
      Atos 19:5 – “...foram batizados em o nome do Senhor Jesus.”

      Dessas quatro passagens realmente não se pode chegar à conclusão de que se deve batizar somente em nome de Jesus. Mesmo que o texto de Mateus 28:19 não existisse, tal interpretação traria muita confusão. Afinal, qual é a forma correta de se batizar? “Em nome de Jesus Cristo”? (At 2:38; 10:48), ou “em nome do Senhor Jesus”? (At 8:16; 19:5).

      Sem dúvida, as quatro passagens referidas acima não tratam da “fórmula” usada pelos apóstolos ao realizar os batismos, mas sim da autoridade com que realizavam os batismos. Naturalmente, essa autoridade é do Senhor Jesus Cristo.

      Além disso, temos provas históricas de que os batismos eram realizados na forma trinitariana, por exemplo:

      Justino Mártir. Esse pastor da igreja apostólica viveu até o ano 165 d.C., quando foi martirizado. Veja o que ele escreveu sobre o batismo: “Todos quantos são persuadidos e crêem nas coisas que nós falamos e ensinamos, como verídicas, e prometem viver de acordo com isso, recebem instrução e oram a Deus. Depois, são conduzidos por nós até um lugar onde haja água. Então, no nome do Pai e Senhor de todo o Universo, e do nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo, eles recebem a purificação com água.”

      Inácio (pastor que viveu nos últimos anos do primeiro século) escreveu: “Não há três Pais e nem três Filhos, e nem três Paracletos. Portanto, o Senhor, enviando os apóstolos a fazer discípulos de todas as nações, ordenou-lhes que batizassem no nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, não em três nomes, nem em três encarnações, mas em nome dos três de igual honra.”

      Tertuliano (viveu entre os anos 160 a 240 d.C.) escreveu: “Ordenando que batizassem em o Pai, e o Filho e o Espírito Santo, e não em um só.”

      Clemente de Alexandria (pastor que viveu de 150 a 213 d.C.) afirmou: “O homem batizado em Deus, entrou em Deus, e recebeu poder sobre escorpiões, para pisar serpentes – os poderes malignos. E aos apóstolos ordenou: ‘Ide pregar, e aqueles que creem, batizai-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo’.”

      Poderia citar ainda Cipriano de Cartago (240-258 d.C.), Orígenes (184-254 d.C.), Dídimo de Alexandria, Basílio Magno e Calvino (Genebra, Suíça), mas não se faz necessário.

      Com relação à igreja presbiteriana, pelo que me consta, a maioria das igrejas históricas batiza na forma trinitariana. Acredito que os que batizam somente em nome de Jesus, são os Unicista.

      Em Cristo

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