sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Influência e o Papel do Conceito de Ideologia Para a Análise das Relações Sociais

 A Influência e o Papel do Conceito de Ideologia Para a Análise das Relações Sociais.


Conceito de Ideologia: Conjunto de idéias e determinações comportamentais, morais, éticas e religiosas que se pretendem existentes “Per se” e que assume caráter “normativo” “generalizado” numa sociedade toda (historicamente). Encontra-se na maioria das vezes “disfarçada” em normas de senso comum ou do (no) imaginário”.
Para Florestam Fernandes, "a idéia fundamental do conceito de ideologia é que indivíduo pensa e age de modo determinado pelo fato de ter certa posição social." (FERNADES, Florestan. Elementos de Sociologia Teórica. Companhia Editora NAcional. pg. 229).


Influência da Ideologia

A ideologia tem influência marcante nos jogos do poder e na manutenção dos privilégios que plasmam a maneira de pensar e de agir dos indivíduos na sociedade. A ideologia seria de tal forma insidiosa que até aqueles em nome de quem ela é exercida não lhe perceberiam o caráter ilusório.

A ideologia ela tem o poder de trazer uma falsa consciência, algo que mostra uma “realidade invertida”, isto é, a ideologia maquia a realidade, fazendo com que as pessoas acreditem em algo que não é real, a ideologia é uma ilusão, um mascaramento da realidade e que faz uso de ferramentas simbólicas voltadas à criação e/ou a manutenção de relações de dominação.

A ideologia tem uma relação extremamente íntima com a alienação que para Marx, faz com que as pessoas não se percebam como “... sujeitos e agentes, os homens se submetem às condições sociais, políticas, culturais, como se elas tivessem vida própria”. Acreditam que a sociedade não foi instituída por eles; não se reconhecem como sujeitos sociais, políticos, históricos, como agentes e criadores da realidade. Exemplo clássico disso é a política. A cada escândalo político, as pessoas reclamam, falam mal, mas não fazem nada de concreto a fim de mudar essa realidade, pelo contrário! A cada eleição votam nas mesmas pessoas em troca de Bolsa Miséria e afins. Por mais que entendam que o problema é sistêmico, ou seja, que é necessário que as regras políticas sejam mudadas, esperam que os corruptos façam isso por eles. Ou seja, nunca vai mudar! Isso se chama “analfabetismo político” (alienação intelectual).

Outro exemplo que poderíamos dar é a do “operário-padrão” que ao receber um prêmio do patrão, avaliza os valores que o mantêm subordinado e que certamente seriam descartados por aqueles que já adquiriram consciência de classe. É assim que a empregada doméstica "boazinha" não discute salário e não implica se trabalha além do horário. Também os missionários que acompanhavam os colonizadores às terras conquistadas certamente não percebiam o caráter ideológico da sua ação ao querer implantar uma religião e uma moral estranhas às do povo dominado. A ideologia gera alienação.

Existe uma dialética entre a ideologia e a alienação, esta dialética, faz com as pessoas se tornem meras mercadorias. Nossos sentimentos, expectativa de vida e todo o resto não são levados em conta, tudo é trabalho! Tudo é dinheiro! Esta é a lógica nesse sistema nefasto que é o capitalismo. Não valemos quanto Seres Pensantes, mas sim, Seres “biológicos” emprestando o corpo à determinada função “o homem não se percebe como coisa e não enxerga os mecanismos de dominação e exploração implícitos no modo de produção capitalista”. (PIRES, Valdir – Fetichismo na Teoria Marxista: Um Comentário). Torna-se basicamente uma máquina, ou melhor, uma mercadoria, Portanto, o fetichismo são relações entres “coisas” (mercadorias) e não entre homens. Nós, dentro desse pensamento, somos meros “produtos”, mercadorias e como tais “possuímos valor de troca”. Na verdade o que percebemos é que a ideologia é um “instrumento” para mascarar a exploração do ser humano em detrimento simplesmente e exclusivamente do lucro, que é a tônica maior do sistema capitalista.

“O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz... O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior número de bens produz. Com a valorização do mundo das coisas, aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens” (Marx – Manuscritos Econômicos Filósofos).

Papel da Ideologia

O grande papel da ideologia é ser um dos instrumentos da dominação de classe, e uma das formas da luta de classes. A ideologia é um dos meios usados pelos dominantes para exercer a dominação, fazendo com que esta não seja percebida como tal pelos dominados.

Na ideologia faz-se presente a separação entre produção de idéias e momento histórico-social, isto é, a ideologia concebe essa dissociação no afã de explicar o que ocorre à volta. Assim, a história é vista como:

“entidade autônoma que possui seu próprio sentido e caminham por sua própria conta, usando os homens como seus instrumentos” (CHAUÍ, MARILENA DE SOUZA. O Que é Ideologia. São Paulo: Abril Cultural/ Brasiliense, 1984. Pg. 84).

O papel da ideologia é trazer alienação e essa alienação é promovida até os dias atuais pelos que detém o poder político-econômico, os quais tornam a máquina estatal um mero instrumento de realização de seus objetivos. A superestrutura do Estado fica, pois, à mercê dos interesses de uma classe que domina e que explora contingentes humanos.

O interessante é que os meios que a classe dominante se utiliza para se manter no poder são dois: O Estado e a Ideologia. Através do controle do Estado, a classe dominante mantém preservados seus interesses. No Estado, ela utiliza o Direito para legitimar sua dominação, e a Lei, passa a ser direito para o dominante e dever para o dominado. Isso fica fácil demonstrar no Brasil, basta vermos o sistema carcerário brasileiro. Dentre todo o universo de presidiários brasileiros, mais de 95% pertencem às classes sociais “C”, “D” e “E”, ou seja, a classe mais beneficiada economicamente, isto é, a classe dominante, quase nunca é atingida pela legislação penal vigente.

O grande papel da ideologia é mascarar a realidade, ou seja, ela tem a função de trocar o “real” pelo “ideal”. A ideologia faz com que as pessoas não vejam as coisas como verdadeiramente elas são. Ela substitui a realidade de determinada situação pela idéia sobre determinada situação. Isso pode ser visto numa análise do conceito de ESTADO, que pela ideologia passa a ser visto como o conjunto de pessoas que buscam um bem comum (visão idealista), enquanto na verdade o ESTADO nada mais é do que a exploração de uma classe social sobre as demais (visão realista). Esse ocultamento/ mascaramento da realidade é que faz com que as pessoas aceitem tudo isso como legitimo, sem saber que elas estão substituindo a “idéia” de ESTADO pela “realidade” de ESTADO.



DIRLEY DOS SANTOS

SOLUS CRISTUS

2 comentários:

  1. Parabéns pela elucidação que a mim muito contribuiu e consolidou ainda mais meu pensamento de que nesta sociedade as relações são pautadas no jogo do poder simbólico construído pelas classes dominantes, sejam elas políticas ou religiosas.

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    1. Na verdade Carmen, não é só na sociedade contemporânea que as relações estão pautadas no jogo do poder construído pelas classes dominante, mas como dizia o próprio Marx: “A história das sociedades até aos nossos dias é a história da luta de classes”. e disse mais: “As idéias dominantes de uma época sempre foram as idéias da classe dominante”. (Karl Marx e Fridrich Engels). A grande verdade é que a História da Humanidade comprova que desde sempre as elites impuseram sua ideologia, com a intenção de mascarar a realidade, fazendo com que as pessoas não vejam as coisas como elas verdadeiramente são, isto na verdade se chama alienação, que é fazer com que as pessoas não se percebam como sujeitos e agentes, se submentendo assim às condições sociais, políticas, culturais, como se elas tivessem vida própria.

      Um grande abraço

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